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Um legado de contaminação persistente: Agente Laranja mantém seu domínio no solo vietnamita
Da redação Vietnã Hoje*
Passaram-se mais de cinquenta anos desde que o agente laranja foi disseminado nos campos de batalha do Vietnã, porém, as cicatrizes ambientais e humanas causadas por esse herbicida mortal persistem. Na sombra dos conflitos, o agente laranja, um dos produtos químicos mais sinistros da guerra, continua a atormentar o solo vietnamita e a entrar sorrateiramente na cadeia alimentar.
A história começa nos anos 60, quando o Exército dos EUA desencadeou não apenas uma guerra contra o Viet Cong, mas também uma guerra contra a própria natureza. Com a estratégia de desmoralizar o inimigo e eliminar esconderijos, vastas áreas da selva vietnamita foram pulverizadas com herbicidas, sendo o agente laranja o mais proeminente. Esse desfolhante, composto pelos ácidos 2,4-Diclorofenoxiacético (2,4-D) e 2,4,5-Triclorofenoxiacético (2,4,5-T), continha uma dioxina mortal chamada TCDD, cujos efeitos tóxicos se estenderiam muito além do que se imaginava.
Mesmo após décadas de cessação das pulverizações, os resquícios tóxicos do agente laranja não desapareceram. Uma revisão de estudos recentes revelou que o solo vietnamita ainda abriga traços altamente tóxicos do herbicida. A dioxina TCDD, presente no agente laranja, adere ao solo, partículas argilosas e sedimentos de rios e lagos. Esses sedimentos contaminados são transportados pela água e gradualmente infiltram a cadeia alimentar, chegando até os seres humanos.
Seus impactos devastadores são sentidos até hoje. Milhões de litros do herbicida foram usados durante a Guerra do Vietnã, causando contaminação em até 20% das selvas do país e afetando enormes áreas de plantações de arroz. Além disso, as bases militares americanas cercadas por áreas desfolhadas criaram um perímetro de segurança, mas também contaminaram o solo circundante.
Essa tragédia não é apenas um assunto histórico, mas uma questão urgente e atual. Mesmo após anos de investigação, muitos aspectos dos efeitos do agente laranja permanecem pouco compreendidos. Enquanto os veteranos de guerra americanos têm um acompanhamento relativamente regular, a mesma atenção não é dada aos vietnamitas afetados. A persistência da dioxina TCDD no solo, que pode durar décadas, exige esforços contínuos para remediar a contaminação e garantir a segurança alimentar das populações locais.
O agente laranja é um lembrete sombrio dos horrores da guerra química e das consequências de longo prazo que ela pode infligir ao meio ambiente e à saúde humana. Enquanto a dioxina tóxica continua a se infiltrar nas águas, no solo e na vida das pessoas, o desafio persiste: encontrar soluções eficazes para limpar o solo e minimizar os efeitos devastadores dessa herança tóxica. O futuro do Vietnã e das regiões afetadas depende do enfrentamento corajoso e colaborativo desse legado ameaçador.
Dados reveladores
Mais de 80 bilhões de litros de herbicidas foram usados durante a Guerra do Vietnã.
Estima-se que até 20% das selvas vietnamitas foram pulverizadas com herbicidas.
Cerca de 10 milhões de hectares de arrozais foram atingidos pelos herbicidas.
A dioxina TCDD, altamente tóxica, estava presente no agente laranja e persiste no solo por décadas.
Várias bases aéreas americanas no Vietnã e Tailândia, onde aviões de pulverização operavam, continuam contaminadas.
A dioxina TCDD entra na cadeia alimentar, afetando a saúde dos vietnamitas e outros seres vivos.
A contaminação por agente laranja está associada a uma variedade de doenças e impactos na saúde humana.
*Com informações de varias publicações vietnamotas